De 4 a 10 de junho, a sala de exposição do Museu de Imagem e Som de Santa Catarina (MIS/SC), no Centro Integrado de Cultura (CIC), em Florianópolis, será palco da celebração dos 26 anos da Cinemateca Catarinense, no evento intitulado Mostra 26. A Mostra 26 é uma realização da Cinemateca Catarinense, em parceria com a Fundação Catarinense de Cultura por meio do MIS/SC. Apoio da Cinemateca Brasileira e Cinemateca Uruguaia. Patrocínio da Funcultural e Secretaria de Estado do Turismo, Cultura e Esporte (SOL).
A Mostra 26 se divide em dois eixos. A mostra principal, exibida em vídeo, será uma homenagem ao grupo responsável pela propagação dos ideais da arte moderna em Santa Catarina: o Grupo Sul. Membros do grupo eram também responsáveis pelo Clube de Cinema do Círculo de Arte Moderna (também conhecido como Clube de Cinema de Florianópolis) e mantinham a publicação regular de textos sobre cinema no "órgão oficial" do Grupo, a revista modernista Sul (30 números, entre 1948 - 1957).
A programação da mostra principal tenta ser uma síntese do debate sobre cinema em foco na revista. No que dizia respeito aos possíveis modelos de desenvolvimento para o cinema no Brasil, os debates da época, nos quais o Grupo participava, dividiam-se entre os defensores da comédia popularesca/musical produzida pela Atlântida, no Rio de Janeiro, e os partidários do modelo de desenvolvimento industrial capitaneado pela Cia. Cinematográfica Vera Cruz, em São Paulo. Era, sem dúvida, nessa última corrente que os membros do grupo desejavam se integrar naquele momento. Daí a presença na programação da Mostra 26 de filmes como Floradas na Serra (1954), Caiçara (1950), Terra é sempre terra (1951), Na senda do crime (1954) e Apassionata (1952), representantes da linha mais "séria" de filmes da Vera Cruz, com filmes mais dramáticos, cujas preocupações estéticas estariam, supostamente, mais próximas daquelas do afamado diretor artístico da companhia, o cineasta Alberto Cavalcanti.
Contudo, o foco dos cinéfilos catarinenses não se restringia a estes aspectos da cinematografia brasileira que lhes era contemporânea. Eles estavam atentos também ao desenvolvimento de correntes do cinema europeu - particularmente do cinema italiano e do cinema francês, e dos ecos dessas correntes no Brasil. Daí o entusiasmo de Salim Miguel, um dos principais expoentes do Grupo, com o filme de Nelson Pereira dos Santos, Rio 40º (1955), bem como o de Antônio da Silva Filho para com o filme gaúcho Vento Norte, de Salomão Scliar (1951).
Atribui-se também à atenção dispensada pelo grupo Sul ao cinema moderno a existência de alguns outros temas envolvendo uma cinematografia estrangeira em pauta no movimento cineclubista mundial, como as vanguardas européias da década de 1920, igualmente representadas na programação pelo filme Atalante (1934), de Jean Vigo. Outros textos da revista foram utilizados para compor a programação, como um artigo de Marcos Faria sobre os primeiros filmes de Stanley Kubrick e, também, o texto de Glauco Rodrigues Corrêa sobre o cinema japonês dos anos 50.
A diversidade da programação reflete um projeto de cinema em pauta na revista Sul. Havia esperança de que o cinema da Vera Cruz - muito por conta de Cavalcanti - pudesse levar e abrir caminhos para a cinematografia brasileira como um todo, tanto para os caminhos da industrialização, como para perto do cinema moderno, de preocupações mais sociológicas, políticas e estéticas.
Sessão 35
A segunda mostra do evento será dedicada ao cinema catarinense, em um panorama sintético da produção de curtas-metragens do Estado. A mostra será realizada com projeções em 35mm, formato original dos filmes programados, que são parte do acervo do Museu da Imagem e do Som de Santa Catarina (MIS/SC).
Oficina
Durante a mostra também será realizada uma oficina gratuita, focada em curadoria de mostras e festivais de cinema. As inscrições estão abertas até o dia 30 de maio no site da Cinemateca Catarinense: http://www.cinematecacatarinense.org/
Programação da MOSTRA 26:
Segunda-feira (04/06):
19h: Sessão 7
- Floradas na Serra (1954, BRA, Luciano Salce)
21h: Sessão 35
- L"amar (Sandra Alves, 2003)
- Abertura da Mostra
- Apresentação da banda Pife na manga
Terça-feira (05/06):
14h às 18h: Oficina
19h: Sessão 7
- Terra é sempre terra (1951, BRA, Tom Payne)
21h: Sessão 35
- Sorria você está sendo filmado (Chico Caprario, 2003)
21h30min: Sessão 9 e 30
- O grande golpe (1956, EUA - Stanley Kubrick)
Quarta-feira (06/06):
14h às 18h: Oficina
19h: Sessão7
- Caiçara (1950, BRA, Adolfo Celi)
21h: Sessão 35
- Memórias de passagem (Marco Stroisch, 2011)
21h30min: Mesa
- O cinema dos anos 50: entre o clássico e o moderno
- Lançamento do Catálogo da Mostra 26
Quinta-feira (07/06):
14h às 18h: Oficina
19h: Sessão 7
- Apassionata (1952 ,BRA, Fernando de Barros)
21h: Sessão 35
- Mulher Azul (Maria Emília de Azevedo, 2011)
21h30min: Sessão 9 e 30
- L"Atalante (1934, FRA, Jean Vigo)
Sexta-feira (08/06):
14h às 18h: Oficina
19h: Sessão 7
- O Cangaceiro (1953, BRA, Lima Barreto)
21h: Sessão 35
- Fritz (José Alfredo Abrão, 2010)
21h30min: Mesa "O cinema dos anos 50: entre o clássico e o moderno"
- Lançamento da 2ª edição da REVISTA LADO C
Sábado (09/06):
14h às 18h: Oficina
19h: Sessão 7
- Na senda do crime (1954, BRA, Flamínio Cerri)
21h: Sessão 35
- Beijos de arame farpado (Marco Martins, 2009)
21h30min: Sessão 9 e 30
- Filhos de Hiroshima (1952, JAP, Kaneto Shindô )
Domingo (10/06):
17h: Sessão Extra 5
- O mistério Picasso (1956, FRA, Henri-Georges Clouzot)
19h: Sessão 7
- O canto do mar (1953, BRA, Alberto Cavalcanti)
21h: Sessão 35
- Cerveja falada (Demétrio Panarotto, Guto Lima e Luiz H. Cudo, 2010)
21h30min: Sessão 9 e 30
- Vento Norte (1951, BRA, Salomão Scliar)