O Museu Histórico de Santa Catarina, sediado no Palácio Cruz e Sousa, recebe a Bienal Black Brazil Art, com o tema “Mulheres (in)Visíveis”. A mostra será aberta no dia 07 de novembro, 2019, na Sala Martinho Haro. A exposição coletiva faz parte do circuito da Bienal que terá atividades nas três capitais da região Sul. As obras expostas foram escolhidas por meio de um processo de seleção.
A proposta é dar visibilidade à produção artística de mulheres anônimas, principalmente das mulheres negras, por meio de um mapeamento das artes produzidas por mulheres de todo o Brasil e do exterior, o que reforça o olhar e a narrativa da ausência dessa temática nos espaços de diálogos artísticos como museus e galerias, destacando o silenciamento constante. Para a curadoria da exposição, a bienal oferece uma visão geral da produção artística de mulheres, com um recorte especial para a produção de negras, e destaca trabalhos figurativos, narrativas sobre dor, violências, feminismo e a participação ativa nas artes visuais. "Com o objetivo claro de abrir a discussão para a arte de mulheres esquecidas pela sociedade, apresentamos trabalhos poderosos e pungentes de diversos artistas contemporâneos do país", resume a organizadora Patricia Brito.
A mostra terá obras de Ana Maria, Claudia Escobar, Fiamma Viola, Georgia Lobo, Isabela Saramago, Jessica Diskin, Julia Ferreira, Laia Orisa, MaiMi, Marcela Bruna, Marcelo Vale Rio, Mayara Smith, Michele Micha, Monique Cavalcanti (Gugie), Òkun, Susan Mendes, Tamara Maia, Vitoria Caroline.
Atividades paralelas à mostra estão sendo organizadas, entre as quais, a Feira Afro Artesanal que será realizada no dia 07, quinta-feira, das 17h às 20h30, nos Jardins do Museu Histórico.
Serviço:
1ª Bienal Black Brazil Art
Visitação: de 8 de novembro a 1º de dezembro
Quanto: Ingresso R$ 5 (inteira) e R$ 2 (meia)
Local: Museu Histórico de Santa Catarina / Palácio Cruz e Sousa - Sala Martinho Haro (Praça
XV de Novembro - Florianópolis)
Horário: de terça a sexta, das 10h às 18h e sábados, domingos e feriados, das 10h às 16h
Classificação indicativa: 16 anos.
Feira Afro Artesanal
Data: 07, quinta-feira
Horário: das 17h às 20h30
Local: Jardins do Museu Histórico.
Informamos que no dia 6 de novembro de 2019, próxima quarta feira, não haverá aula do Projeto Yoga no Palácio, no Auditório do Museu Histórico de Santa Catarina. As atividades voltam ao normal na segunda-feira (11), das 18h30 às 20h.
No segundo semestre de 2019 as aulas do projeto tem ocorrido sempre às quartas-feiras, das 16h às 17h30, com o professor Cristiano Ogasavara Simões; e às segundas-feiras, das 18h30 às 20h, com o professor Tales Nunes. As aulas têm entrada gratuita, sem necessidade de inscrição prévia. As turmas são formadas por ordem de chegada, com limite de 25 alunos por horário.
O projeto Yoga no Palácio é uma parceria da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), administradora do espaço, e do Curso de Extensão Projeto Práticas Corporais do Centro de Desportos da Universidade Federal de Santa Catarina (CDS/UFSC). Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (48) 3665-6363.
Os Jardins do Museu Histórico de Santa Catarina, localizado no Palácio Cruz e Sousa, centro de Florianópolis, recebem nesta quinta-feira (10), às 12h, a apresentação da Orquestra de Choro Campeche. A atração faz parte do 2º Festival de Choro Primavera e tem entrada gratuita.
A Orquestra de Choro Campeche é um grupo composto por
estudantes de música da Escola Portátil de Música de Florianópolis, projeto realizado em parceria com o Instituto casa do Choro do Rio de Janeiro. Coordenada pelo bandolinista Geraldo Vargas, dedica-se, além da execução de arranjos, ao estudo de melodias e harmonias no universo rítmico do Choro dentro do repertório de grandes compositores do estilo.
A Orquestra reúne atualmente 15 estudantes de música das
comunidades principalmente do Sul da Ilha e ensaia semanalmente o repertório de arranjos elaborados para sua formação que inclui bandolins, cavaquinhos, violões, flautas, clarinetes, acordeom e percussão.
Serviço:
O quê: Apresentação da Orquestra de Choro Campeche
Quando: 10/10/2019, às 12h
Onde: Jardins do Museu Histórico de Santa Catarina - Localizado no Palácio Cruz e Sousa
Entradas pelas ruas Tenente Silveira, Trajano e Praça XV
Entrada gratuita
O Museu Histórico de Santa Catarina recebe a partir do dia 10 de outubro, às 19h, a exposição Um centenário de histórias. Com curadoria de Elisiana Trilha Castro e Anna Julia Borges Serafim, a mostra apresenta parte do acervo do Memorial Funerário Mathias Haas (MHaas) como cruzes, anjos, lápides e fotografias. A visitação fica aberta até 4 de novembro de 2019, de terça a sexta-feira, das 10h às 18h; sábados e domingos, das 10h às 16h.
Sob coordenação do Memorial Funerário Mathias Haas, a mostra é parte das ações realizadas pela empresa Haas em comemoração aos seus 100 anos em 2018. O Memorial é uma iniciativa da empresa e foi inaugurado em 2017. Ele é o primeiro museu do Brasil dedicado à preservação e difusão do patrimônio cultural funerário com um acervo sobre a história da morte e dos cemitérios.
A exposição apresenta, ainda, o projeto Inventário do Cemitério da Comunidade da Igreja Evangélica de Confissão Luterana Blumenau-Centro, apoiado pela empresa Haas e pelo Memorial, que possibilitou o registro das unidades tumulares de valor cultural do cemitério que abriga parte da história de Blumenau em seu acervo material e imaterial.
Roda de conversa
No dia da abertura, às 17h30, haverá coffee break seguido de roda de conversa sobre Patrimônio Cultural Funerário Catarinense: intentários, um tombamento e muitos desafios, com o diretor de Patrimônio Cultural da FCC, Diego Fermo; o historiador da FCC, Fábio Richter; e a curadora Elisiana Castro (MHAAS).
Serviço:
O quê: Exposição Um centenário de histórias
Onde: Museu Histórico de Santa Catarina - Localizado no Palácio Cruz e Sousa
Praça XV de novembro - Centro - Florianópolis
Abertura: 10 de outubro de 2019, às 19h
Visitação: de 11 de outubro a 4 de novembro de 2019. De terça a sexta-feira, das 10h às 18h; sábados e domingos, das 10h às 16h.
Ingresso: R$ 5 inteira; R$ 2 meia-entrada mediante comprovação, para estudantes; menores de 18 anos; doadores de sangue registrados em hemocentros de Santa Catarina; professores exercendo docência nos níveis infantil, fundamental e médio. Entrada gratuita, mediante comprovação, para professores acompanhando a turma; crianças com idade inferior a 5 anos; pessoas com deficiência; maiores de 60 anos; guias de turismo. Aos domingos, a entrada é gratuita para todos.
Conta a história que, com o objetivo de guardar a memória política do Estado, o então governador de Santa Catarina Antonio Carlos Konder Reis criou o Museu Histórico de Santa Catarina em 4 de outubro de 1978. A abertura ocorreu somente no ano seguinte, no primeiro endereço, a Casa da Alfândega, em 2 de março de 1979. Na semana em que comemora 41 anos de sua criação , o MHSC é relembrado por dois de seus colaboradores, Shirlei Regina Lopes Farias e José Alfredo Beirão Filho, que nos ajudam a recontar parte da memória deste espaço que guarda também as recordações dos tempos em que o Palácio Cruz e Sousa (ou Palácio Rosado, ou Palácio dos Despachos, alcunhas pelas quais a atual morada do MHSC era conhecida antes de 1986) era a sede do governo do Estado.
PRIMEIRA MORADA
Shirlei trabalhou por 35 anos no Museu Histórico de Santa Catarina. Aposentada há cinco anos, fez parte da equipe que abriu as portas pela primeira vez para o público, ainda na sede da Alfândega, onde fazia de tudo no início, do café, atendimento, recepção, até abrir as portas e organizar o espaço, passando pelo cuidado com a manutenção do acervo. Dos primeiros anos, lembra-se de que o Museu ocupava o andar superior da Casa da Alfândega, dividindo espaço com o Museu de Arte de Santa Catarina (MASC) que funcionou no térreo até 1983, quando se mudou para o atual endereço, no Centro Integrado de Cultura (CIC).
Naquela época, o público podia visitar o Museu Histórico somente no período vespertino, quando era possível apreciar as vitrines com o ainda tímido acervo disponível para exposição, composto de medalhas e placas condecorativas recebidas pelo governador Antonio Carlos Konder Reis, que volta e meia visitava o Museu. Outros objetos que faziam parte da coleção do MHSC nesta época são a caneta de pena usada na primeira Constituição de Santa Catarina, roubada do acervo alguns anos mais tarde, e o primeiro telefone instalado na Alfândega, sem funcionamento.
MUDANÇA PARA O PALÁCIO
Outro governador que aparecia às vezes para uma visita ao Museu Histórico era Esperidião Amin e, exatamente durante seu governo, em 1986, foi levada adiante a ideia de abrir as portas do Palácio do Governo ao público, curioso por conhecer o prédio por dentro, com a ocupação do espaço pelo Museu Histórico de Santa Catarina. Mesmo durante a mudança, o governador continuou despachando no espaço. “Ele trabalhava de meias, para preservar o piso, que dizia ser muito bonito e não podia ser danificado", relembra Shirlei.
A servidora também se lembra de que a mudança entre os dois endereços foi desgastante e envolveu uma grande equipe. Primeiro, os próprios servidores embalaram e transportaram o acervo da Alfândega para o museu "no braço", em muitos casos. Parte das peças foi levada a pé, num processo que levou bastante tempo, mas que ela não soube precisar o quanto. Além da mudança, as adaptações no prédio envolveram muitos profissionais de áreas diferentes trabalhando ao mesmo tempo. Enquanto uns cuidavam das cortinas, outros cuidavam da parte elétrica.
Foi um período tão cansativo que Shirlei chegou a desmaiar durante a mudança por causa do estresse. "Eu caí onde era a cozinha". A administradora na época, Jessy Cherem, mandou ela ficar em casa e Shirlei acabou nem participando da abertura, em 5 de dezembro de 1986, por ainda estar se recuperando.
De um público interessado em história, bastante curioso e questionador, composto de pessoas de outros estados e países, como o que frequentava o Museu nos tempos da Alfândega, o Palácio passou a atrair mais os locais, gente que queria entrar para ver como era por dentro o Palácio, palco de tantos momentos importantes para a política catarinense. "Quando nós abrimos as portas, tinha fila. “Um mês de fila", conta, acrescentando que, para atender todos, foi necessáro organizar as visitas em turmas. Algumas pessoas chegavam a tirar casquinhas da parede para levar de recordação e a equipe do museu tinha que intervir. Quando passou a curiosidade inicial pelo prédio, o foco dos visitantes mudou."Depois de eles conhecerem o palácio, eu senti que a outra geração já vinha para saber da história".
ACERVO AMPLIADO
Para ajudar a contar essa história, com a mudança para o Palácio, o Museu Histórico incorporou ao seu acervo parte do mobiliário que já estava no novo endereço, como o cofre, o mobiliário da sala de música, sala azul e sala nobre. O acervo atual foi montado por meio de doações também. Há, ainda, a galeria de quadros dos ex-governadores, que eram expostos no início da história do Museu no Palácio.
Do tempo em que chegou para integrar a equipe do Museu Histórico, entre 1987 e 1992, o arquiteto e professor José Alfredo Beirão Filho se lembra de que o acervo ainda se resumia às placas condecorativas do governador Konder Reis, à galeria dos ex-governadores, a uma réplica em ouro da Ponte Hercílio Luz, à pena usada para assinar a primeira Constituição do Estado e ao mobiliário herdado do Palácio.
Com acervo limitado e poucos recursos, a saída encontrada por Beirão e a equipe, chefiada pela então diretora Sônia Miguel, foi usar a criatividade. Partiram, então, para a diversificação das atividades do Museu, que se resumia até então à exposição do acervo. Desta época, também, é o início das visitas mediadas, que eram guiadas pelos próprios funcionários do Museu.
POPULARIZAÇÃO
"Tem muita gente que torce o nariz, mas nosso trabalho era trazer o pessoal para conhecer o museu, e isso foi muito bacana na época", defende Beirão. Mesmo sem muito dinheiro, a equipe de cerca de 12 pessoas do fim dos anos 1980 e início dos anos 1990 montava muitas exposições, como a que comemorou os 80 anos da imigração alemã; as também oito décadas da imigração japonesa; ou a que marcou os 100 anos da libertação dos escravos, em que montaram barracão de terreiro de candomblé no Museu e atraíram visitantes diferentes dos habituais ao espaço. Uma exposição de máscaras e fantasias de carnaval chegou a levar um ensaio de escola de samba para o jardim da instituição.
Dessa época de democratização do acesso e da programação do Museu, Shirlei lembra que a introdução dessas atividades novas também enfrentou resistência, inclusive da população mais antiga. "Tinha uma senhora que morava perto e dizia que estávamos acabando com o Museu". A nova forma de pensar o espaço da instituição mudou a relação da população com o Museu e o público que o frequentava. "Porque aí parou de ser só visitação. As pessoas vinham, sentavam no jardim, liam um livro, ouviam música", completa Shirlei.
Além das exposições temporárias, nesta época o Museu diversificou sua atuação, recebendo lançamento de livros, palestras, recitais, gravação de comerciais (normalmente no período noturno), entre outras atividades. É deste período, inclusive, a realização do Presépio Vivo, que por três anos (entre 1988 e 1990) recriou o cenário do nascimento de Jesus, em tamanho real e com todos os detalhes, nas dependências do MHSC. Beirão se lembra de que a entrada do circuito que o público percorria ficava na guarita, onde estava a reprodução real de um mercado árabe, com direito a cavalos, atores e mercadorias, tudo encenado. Na sequência, havia o quadro da anunciação à Virgem Maria, com atores interpretando o anjo Gabriel e Nossa Senhora. O circuito continuava no jardim lateral, onde foi montado um estábulo com animais de verdade, como bois, vacas e cavalos, além de Nossa Senhora, José e o Menino Jesus na cena clássica do nascimento de Cristo. Eram quatro dias de encenação, que ocorria sempre no período noturno, das 19h às 22h. "Havia uma fila imensa para entrar", relembra Beirão.
PORTÃO ABERTO
Outra iniciativa que contribuiu para a popularização do acesso ao MHSC, concordam Shirlei e Beirão, foi a abertura de um portão de acesso ao jardim pela Rua Trajano. "Eu me lembro que era meio que proibido entrar no Museu, porque os guardas assustavam. Causava um estranhamento entrar", diz Beirão. Ele acredita que a abetura, junto com as atividades variadas, ajudou a quebrar o gelo entre o público e o Palácio. "Foi uma democratização fantástica", pontua.
Mas a ideia não foi bem recebida por todos. Shirlei conta que a abertura do portão foi motivo de polêmica na época. "Eu achei a coisa mais linda do mundo, mas acho que teve cinco que acharam ótimo e 200 que não".
Apesar das reações contrárias, o fato é que o MHSC segue, ainda hoje, se adaptando às mudanças que o tempo impõe, sem, contudo, se afastar de sua nobre missão de ser o espaço de salvaguarda da memória política de Santa Catarina. As paredes do Palácio Cruz e Sousa contam muito do que já se passou na história catarinense, mas a instituição se mantém em sintonia com o presente para receber e atrair o público.