O Museu Histórico de Santa Catarina (MHSC) apresentará uma nova atividade virtual: a exposição "Fritz Müller 200 anos: legado que ultrapassa fronteiras", que faz parte do ciclo de comemorações artísticas, culturais, científicas e educativas, organizado pelo Grupo Desterro Fritz Müller/Charles Darwin. Por ocasião do bicentenário de nascimento de Fritz Müller, o grupo objetiva divulgar a vida e obra do naturalista teuto-brasileiro, amigo e colaborador de Charles Darwin. A mostra estará disponível a partir do dia 22, na página do MHSC no Facebook.
Conforme os organizadores da mostra, Johann Friedrich Theodor Müller (1822-1897) ou Fritz Müller, como ficou conhecido, com seu olhar aguçado, sensível e curioso, amparado em sólida formação pessoal e profissional, edificou uma notável obra científica, ao estudar a fauna de invertebrados e a flora catarinenses. Foi, talvez, o mais expressivo dentre os naturalistas no Brasil do século XIX e um dos maiores de todo o mundo.
Mais do que imigrante, ele optou pela nacionalidade brasileira, confirmando sua opção de residência. Entretanto, apesar de geograficamente isolado do mundo europeu, o mesmo não acontecia culturalmente, uma vez que mantinha ativa correspondência com amigos e familiares.
Aliado ao domínio técnico do desenho de observação e à mente inquieta do cientista observador, Fritz Müller produziu 266 publicações e se notabilizou pelo pioneirismo no estudo de inúmeros grupos de invertebrados e plantas, com inúmeras descobertas que atuaram decisivamente para consolidar a Biologia como um ramo autônomo da ciência.
"Olhar, observar, investigar, anotar, desenhar, refletir, deduzir, concluir. Mais do que meras ações, quando encadeadas remetem às etapas do estudo científico. Tal como as linhas que compõem uma trama, são igualmente necessárias e obedecem uma ordem de realização para que o resultado tenha credibilidade", explicam os organizadores da mostra.
As pesquisas desenvolvidas em Desterro (atual Florianópolis) foram determinantes para a consolidação da Teoria da Evolução das Espécies, apresentada em 1859 por Charles Darwin, com quem passou a trocar correspondência, tendo o livro Für Darwin (Para Darwin) traduzido e publicado pelo amigo em Londres (1869), em 2ª edição atualizada.
O legado de Fritz Müller impressiona não só pela quantidade de conhecimento produzido, mas por sua importância à ciência, em campos de estudo ainda em formação, como ecologia, entomologia, mimetismo e evolução.
A Biologia não existia como um ramo autônomo da ciência e os candidatos a naturalistas deviam se graduar em Filosofia, que integrava as disciplinas de História Natural. O trabalho desenvolvido por inúmeros naturalistas na segunda metade do século XIX, entre eles Fritz Müller, que colaborou com a Teoria Evolutiva de Charles Darwin - mecanismo unificador para explicar a vida e a diversidade no planeta, consolida a especialidade (da Biologia) como domínio na ciência.
Observador incansável, Fritz Müller foi chamado de “Príncipe observador da natureza”, por Charles Darwin, apresentando desenhos detalhados e textos minuciosos sobre aqueles que no momento eram seu objeto de estudo.