A Fundação Cultural de Joinville (FCJ) e o Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville (MASJ) lançam nesta quinta-feira, 1º de julho, o livro "Joinville: primeiros habitantes" (Ed. Casa Aberta, 130p). Inventário inédito no Brasil, a obra é uma importante contribuição aos estudos de arqueologia no País.
Além de elencar os 41 sambaquis da maior cidade do estado de Santa Catarina - dispersos nas áreas urbanas, rurais e de mata nativa de Joinville - a publicação apresenta fotografias e mapas produzidos com técnicas de geoprocessamento.
O material - que terá distribuição gratuita e dirigida - será encaminhado para universidades e centros de pesquisa do Brasil e do exterior, além das escolas e instituições da região que atuam com planejamento urbano e meio ambiente. O objetivo é subsidiar pesquisas e facilitar o acesso da comunidade ao universo dos sambaquis, municiando-a com informações atualizadas e de qualidade. A tiragem é de mil exemplares e foi patrocinada pelo Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, órgão da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça.
Como destaca o Prof. Dr. Levy Figuti, do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP - que prefacia a obra - "Não sabemos o futuro, mas, conhecendo o passado, acessamos as experiências anteriores da humanidade, e verificamos causas e consequências das decisões humanas que levaram povos ao colapso ou êxito". O pesquisador destaca que o livro versa sobre "uma cultura que existiu e floresceu por mais de sete milênios" enquanto o Brasil tem pouco mais de quatro séculos.
Responsável pelo projeto, o geógrafo do MASJ, Eloy Labatut de Oliveira, relata que com este trabalho Joinville reforça sua posição de referência ao desenvolver um amplo estudo sobre os sambaquis da cidade. As informações e o modo de apresentação das mesmas são importantes para públicos distintos, e atendem desde os estudantes e pesquisadores até as instituições envolvidas com projetos de licenciamento ambiental e planejamento urbano.
Projeto maior
"Joinville: primeiros habitantes" é um dos resultados do projeto Geoprocessamento Aplicado à Preservação dos Sambaquis de Joinville (SC), executado pelo Museu de Sambaqui com recursos do Governo Federal e Prefeitura de Joinville. O investimento foi de R$163.444,80 do Governo Federal, por meio do Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos; e da Prefeitura de Joinville, por intermédio da Fundação Cultural de R$ 64.054,23, totalizando R$ 227.499,03.
O projeto atualizou as informações geográficas sobre os sítios arqueológicos da região e integrou-as em um banco de dados , instalou placas informativas em todos os sambaquis do município e adquiriu equipamentos que aumentaram o aparelhamento do MASJ, como uma estação total para levantamentos topográficos, um GPS de alta precisão, um barco para acessar os sítios arqueológicos da Baía da Babitonga, estereoscópios (equipamento para ver fotografias aéreas em três dimensões), um computador e cerca de 30 livros para a biblioteca do Museu.
Com esta publicação, "o MASJ dá mais um passo para cumprir a sua missão institucional que é a de contribuir para o avanço do conhecimento sobre o patrimônio cultural visando o estabelecimento de uma relação preservacionista, dinâmica e interativa, entre o patrimônio e a sociedade", enfatiza o Coordenador do museu Prof. MSc. Gerson Machado. Para ele, "são estruturas e ações como essas que qualificam o patrimônio e a discussão decorrente dos processos preservacionistas vinculado à idéia de um uso e manejo cuidadoso em torno dos bens públicos".
Sobre o Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville (MASJ)
O Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville (MASJ) foi criado em 1969, a partir da compra pela Prefeitura de Joinville, da coleção arqueológica de Guilherme Tiburtius, em 1963. é mantido pela Fundação Cultural de Joinville e sua sede foi inaugurada em 1972. Desde então, diversos projetos e ações foram desenvolvidos tendo como preocupação a pesquisa, a proteção e a divulgação do patrimônio arqueológico. Com um corpo técnico multidisciplinar o MASJ conta com um geógrafo, três arqueólogos, um especialista em conservação e restauro e dois educadores. Historiadores, antropólogos e estagiários também participam de convênios e pesquisas diversas. Entre os parceiros que desenvolvem pesquisa com o Museu de Sambaqui estão MAE/USP; ENSP/FIOCRUZ e CNRS/França.
O MASJ está localizado na Rua Dona Francisca, 600, Centro. O telefone para contato é o (47) 3433-0114.
Sambaquianos: os mais antigos habitantes da Baía da Babitonga
("Joinville: primeiros habitantes" p. 17)
"O território brasileiro, como um todo, teve ocupação humana antes da chegada dos primeiros europeus. No litoral, os ocupantes mais antigos foram os povos que construíram os montes de conchas conhecidos como sambaquis, também chamados de concheiros ou casqueiros. As informações sobre eles são produzidas pela arqueologia, através do estudo de remanescentes materiais ali encontrado (...).
No Brasil, embora a ocupação tenha se dado em quase toda a costa, ela não ocorreu de modo similar. Há regiões em que a concentração destes sítios arqueológicos é maior. A Baía da Babitonga, litoral norte de Santa Catarina, é uma destas regiões que se destacam pela grande quantidade de sambaquis (...)"