Uma pesquisa realizada no Laboratório de Materiais do Ateliê de Conservação-Restauração de Bens Culturais Móveis (Atecor) da Fundação Catarinense de Cultura (FCC) acaba de ser publicada no Journal of Archaeological Science, revista internacional que é referência no campo da Arqueologia. O estudo Spectroscopic characterization of recently excavated archaeological potsherds of Taquara/Itararé tradition from Tobias Wagner site (Caracterização espectroscópica de poços arqueológicos recentemente escavados da tradição Taquara/Itararé da localidade de Tobias Wagner) relata a análise química de artefatos cerâmicos arqueológicos encontrados em uma escavação por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em Alfredo Vagner.
O trabalho foi feito em conjunto entre o Atecor, o Laboratório de Estudos Interdisciplinares em Arqueologia da UFSC, o Laboratório de Materiais Inorgânicos do Departamento de Química da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e o Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP). A partir das análises químicas pode-se atribuir a temperatura de queima no processo de manufatura destes artefatos, ainda neste mesmo estudo encontrou-se um marcador inorgânico que pode indicar que a matéria prima foi coletada em alguma região litorânea. "Isto pode estar associado com a migração desta peça para a Serra ou a coleta da matéria prima de um local próximo ao mar", explica o químico do Laboratório do Atecor, Thiago Guimarães Costa, que participou do estudo. Com essas informações, pode-se ter uma ideia sobre o modo de vida desses grupos populacionais antigos no que diz respeito, por exemplo, ao seu deslocamento no território e/ou intercâmbio com populações de outras regiões e suas tradições.
:: Para ler o artigo on-line (em inglês) acesse: http://dx.doi.org/10.1016/j.jasrep.2017.03.014
Fonte: Assessoria de Comunicação FCC
Fonte: Fundação Cultural de Blumenau
Fonte: Assessoria de Comunicação FCC
A Fundação Catarinense de Cultura (FCC), por meio do Sistema Estadual de Museus (SEM/SC) e Museu Histórico de Santa Catarina (MHSC), leva a Chapecó a exposição Guerra do Contestado: 100 anos de memórias e narrativas, que retrata o importante episódio da história catarinense. A exposição abrirá em 20 de março e poderá ser vista até 20 de junho, no Museu de História e Arte de Chapecó. A mostra itinerante é uma versão modular, com a mesma arte e o mesmo conteúdo, da exposição aberta em 2012 no Museu Histórico de Santa Catarina, no Palácio Cruz e Sousa, em Florianópolis.
Para a montagem da exposição, que tem curadoria do pesquisador Fernando Romero, a equipe de técnicos da Diretoria de Patrimônio Cultural da FCC participou de diversos estudos junto aos sítios históricos. Foram visitados os municípios de Irani, Taquaruçu (distrito de Fraiburgo), Três Barras, Porto União, Matos Costa, Calmon, Lebon Régis, além dos museus, arquivos e coleções nas cidades de Irani, Curitibanos, Campos Novos, Mafra, Lages, Porto União, Caçador, Matos Costa e Lebon Régis. O objetivo foi buscar subsídios para a construção das exposições temáticas, além de estabelecer contato com os agentes culturais. A FCC trabalhou com apoio de museus, universidades, municípios, fundações e outras entidades para a reunião do acervo exposto.
Capacitação aos professores
Como parte da programação da mostra, no dia 19 de abril, será realizada a oficina "Possibilidades de ações educativas: Guerra do Contestado: 100 anos de memórias e narrativas" também na cidade de Chapecó. Serão capacitados até 50 participantes (professores e estudantes de licenciatura) da rede escolar municipal, estadual e da educação superior, que participarão da atividade ministrada pelo professor Delmir José Valentini. Os professores conhecerão o material educativo da exposição, contendo propostas de atividades educativas transdisciplinares como mais um recurso para potencializar a visita à exposição e seus desdobramentos na escola.
Sobre a Guerra do Contestado
A Guerra do Contestado colocou em evidência, pela primeira vez no Brasil, temas fundamentais do mundo contemporâneo: a ecologia, a liberdade religiosa, a posse da terra e a contestação de relações sociais arcaicas em pleno século XX. Teve grande influência nos rumos tomados pela sociedade catarinense no presente e deixou cicatrizes que até hoje reclamam nossa consideração.
Entre os anos de 1912 e 1916, a região do Contestado, cujo território era alvo de disputas entre os estados de Santa Catarina e Paraná, foi palco de um dos mais sangrentos episódios da história do Brasil. Juntou-se à questão das fronteiras a eclosão de um surto messiânico influenciado pelo grande número de pessoas sem terras e sem emprego na região. Eram ex-camponeses, expulsos de suas terras para a implantação de uma madeireira, e ex-operários da estrada de ferro Brazil Railway, que trabalharam na construção e se viram sem trabalho com o fim do empreendimento.
Nesse cenário, surgiram profetas e monges pregando ideais de justiça, paz e comunhão, indo de encontro ao autoritarismo e à ordem republicana vigentes. Preocupados com o crescimento do movimento popular, os governos estadual e federal começaram a agir contra a comunidade, com o envio de tropas militares para a região. Os sertanejos resistiram à ação da artilharia pesada do exército até 1916.
Desde então, a Guerra foi narrada de diversas formas pelos diferentes personagens que dela tomaram parte e por aqueles que refletiram sobre ela posteriormente. Analisar essas narrativas é uma forma de recontar essa história com a perspectiva do presente. Recordar as marcas, reavivar as memórias, mostrar os lugares que lembram esse passado deve contribuir para analisarmos com outros olhos o nosso tempo atual e ver que muitos dos temas trazidos pelos rebeldes do Contestado continuam tão vivos como há 100 anos.
Centenário de Chapecó
A cidade de Chapecó celebra seu centenário em agosto de 2017. A criação da cidade é um dos desdobramentos da Guerra do Contestado. O espaço que viria a ser Chapecó, fazia parte do território contestado por Paraná e Santa Catarina. Findado o conflito, em 1916, deu-se a demarcação dos limites entre Paraná e Santa Catarina. Na área contestada que ficou para Santa Catarina foram fundados quatro municípios, dentre eles Chapecó, que na época possuía um território de aproximadamente 14 mil quilômetros quadrados.
Serviço:
O quê: Exposição Guerra do Contestado: 100 anos de memórias e narrativas
Visitação: de 20 de março a 20 de junho de 2016 - de terça a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h às 16h; sábados e domingos das 14h às 17h.
Onde: Museu de História e Arte de Chapecó
Avenida Getúlio Vargas 17 N - Chapecó (SC)
Inscrições de grupos escolares e mais informações: (49) 3321-8509 / Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Fonte: Assessoria de Comunicação FCC