O presidente da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), Rafael Nogueira, acompanhado pela equipe técnica do órgão, marcou presença na Audiência Pública sobre a Lei Paulo Gustavo (LPG) de Incentivo à Cultura, proposta pela Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Assembleia Legislativa. Em Santa Catarina, por meio da LPG, serão distribuídos R$ 125 milhões, sendo R$ 60 milhões via FCC e R$ 65 milhões para os municípios.
Na Audiência Pública estavam presentes, entre outras autoridades, a deputada Luciane Carminatti, o deputado Marquito (propositor da audiência pública), o diretor de Assistência Técnica a Estados, DF e Municípios do Ministério da Cultura, Thiago Rocha Leandro, e o presidente do Conselho Estadual de Cultura, Luiz Moukarzel.
O presidente da FCC falou sobre as ações do órgão para operacionalizar a LPG, citando, por exemplo, as comissões que já estão sendo montadas para execução dos editais, a estrutura que a FCC está viabilizando para transmissão das oitivas para elaborar os planos de ação e uma proposta de cronograma para realização das atividades ao longo de 2023. "Temos o dever de distribuir esses recursos para projetos de todas as regiões de Santa Catarina. Sabemos o quanto isso é importante para o setor", enfatizou.
"O objetivo de leis como essa é mostrar que Cultura não é gasto, e sim, investimento. A distribuição dos recursos para projetos culturais gera renda, gera empregos, gera qualidade de vida para as pessoas", concluiu Thiago Rocha Leandro.
Confira o programa Miscuta desta segunda, 3 de abril de 2023, com a participação da roteirista Beatriz Mamigonian, que fala sobre o documentário "Em nome de Cruz e Sousa" que será lançado no Cinema Gilberto Gerlach, no CIC, no próximo dia 5 de abril. Tem ainda a agenda da semana nos espaços administrados pela FCC; e trilha sonora especial com disco de Cazuza.
A artista visual Juliana Neves Hoffmann encontrou, recentemente, as páginas datilografadas do inédito "O ser que nos surpreende", poemas em prosa do seu pai, Ricardo L. Hoffmann. Na mesma biblioteca, também encontrou uma pasta vermelha contendo 12 desenhos do artista Jayro Schmidt. Destes encontros do acaso, surgiu a edição do livro "O ser que nos surpreende com os desenhos", que será lançado dia 4 de abril, às 19h, no Espaço Oficinas do Centro Integrado de Cultura (CIC). Além do lançamento com sessão de autógrafos, também será a abertura da exposição dos desenhos originais de Schmidt e de uma obra do artista Sandro Clemes, construída a partir das letras e desenhos.
Ricardo Hoffmann nasceu em Santa Catarina em 1937, publicou a maioria de seus livros entre as décadas de 1960 e 1980, sendo A Superfície considerada pela crítica literária nacional o livro de ficção revelação do Brasil em 1967. Tem uma série de livros inéditos, escritos nas décadas de 1970, 1980 e 1090, entre eles a prosa poética O Ser que nos surpreende, que está sendo lançado agora. Em 2020 recebeu da ACL, Academia Catarinense de Letras, o Prêmio Conjunto da Obra.
Serviço:
O quê: Lançamento do livro "O ser que nos surpreende com os desenhos", de Ricardo L. Hoffmann
Quando: 04/04/2023, às 19h
Local: Espaço Oficinas - Centro Integrado de Cultura (CIC)
Av. Gov. Irineu Bornhausen, 5600 - Agronômica - Florianópolis
Entrada gratuita
O Teatro Ademir Rosa, no Centro Integrado de Cultura (CIC), recebe no próximo fim de semana o espetáculo Gaslight: uma relação tóxica. A peça será apresentada no sábado (8), às 20h30; e no domingo (9), às 19h.
Gaslight – uma Relação Tóxica é o último trabalho de Jô Soares, que assina tradução, adaptação e direção do texto, com colaboração de Matinas Suzuki JR e Mauricio Guilherme, parceiros de trabalhos anteriores. Trata-se de uma das peças de maior sucesso da história da Broadway, escrita originalmente pelo dramaturgo britânico Patrick Hamilton (1904-1962), em 1938.
Com elenco formado por Érica Montanheiro, Giovani Tozi, Gustavo Merighi, Leandro Lima, Maria Joana e Mila Ribeiro, o espetáculo marcaria a volta de Jô aos palcos como diretor, quatro anos após dirigir e atuar em A Noite de 16 de Janeiro. Com cenário de Marco Lima, figurino de Karen Brusttolin ( indicada ao Prêmio Shell pelo projeto), iluminação de César Pivetti, e trilha sonora original de Ricardo Severo, a montagem era cuidada de perto por Jô Soares, que trabalhou na concepção da encenação até os últimos dias.
Baseada no filme homônimo sobre abuso psicológico nos relacionamentos afetivos, a peça retrata um casal em conflito. Jack (Giovani Tozi), no inicio do casamento, se mostrava doce e apaixonado. No entanto, sob a alegação de que sua mulher Bella (Erica Montanheiro) sofre de algum tipo de desequilíbrio mental, revela-se um homem impaciente e menos cordial. A esposa sente que está ficando louca, mas ao buscar o amparo do companheiro para lidar com a suposta doença, encontra apenas a resistência do homem, que justifica não ter mais forças para lidar com a situação. A complicação do diagnóstico de Bella é acompanhada de perto pela fiel governanta Elizabeth (Mila Ribeiro) e pela jovem e extrovertida Nancy (Maria Joana), a nova arrumadeira do casarão. Ralf (Gustavo Merighi), um inspetor de polícia, possui uma ligação curiosa com a casa, agora habitada pelo casal. Essa relação pode despertar fantasmas do passado que ainda habitam os cômodos com seus segredos, e podem revelar grandes surpresas.
Ingressos à venda no site Pensa no Evento
Classificação indicativa: 12 anos
A Sala Lindolf Bell 2, no Centro Integrado de Cultura (CIC), recebe a partir desta terça-feira (4) a exposição "Entre a Phantasis e Das Unheimliche" da artista Adriana Mdos Santos. A mostra tem entrada gratuita e segue aberta à visitação até 27 de abril, de terça a sexta-feira, das 10h às 21h.
A estranheza poética exalada pelas personas do imaginário de Adriana Mdos Santos, nos avisa: ali não somos meros observadores, mas o sujeito do qual a obra se ocupa. Sua obra vai além de relatar a faceta existencial do indivíduo. O ser humano habita não na superfície da tela (ou da pele) mas no abstrato mundo interior de suas próprias forças e limitações. A figura humana - esse combinado de características enquadradas em pré-conceitos acerca da funcionalidade e harmonia do corpo, é apenas a superfície.
Foi do desenho para a pintura abstrata, em busca do que se passa nas profundezas do ser. Aos 23 anos, a artista encontrou, através da figura humana, o que buscava no abstrato. O encontro inusitado com um indivíduo de limitações mentais evidentes. Roupas pretas, rosto branco coberto de farinha de mandioca. Parou por uns instantes a encara-la, do outro lado do vidro de um ônibus. A imagem da loucura. Do abstrato foi para a poética do figurativo. Levou a temática para o mestrado em Poéticas Visuais, sob a orientação de um psicanalista. Desenvolveu os temas do doente mental e dos mutilados com uso de prótese e cadeiras de rodas.
O doutorado, na dramaturgia, teve como tema a pintura - a obra de Samuel Beckett - cujos personagens foram objeto de sua expressão na pintura e desenho. Beckett foi o fio condutor em torno de pintores como Margerita Manzelli, Jean Rustin e os irmãos Van Velde. Em seus processos de criação deparou-se com temas da psicanálise de Lacan, na definição de afânise, e com estudos de Sigmund Freud em Das Unheimliche. Idealizadora da coletiva Desenho de Monstro, este ano em sua 9a edição, Adriana confirma sua atuação no fomento das artes no estado de Santa Catarina.
A Poética do Estranhamento na Pintura
O estado de inquietação em face de algo que vai de encontro a padrões estabelecidos é tema que foi abordado por Sigmund Freud (1856 - 1939) em seu Das Unheimliche, ou O Inquietante Familiar, (ou ainda O Estranho Inquietante) estudo desenvolvido em 1919, que imprimiu uma perspectiva psicanalítica ao vocábulo. Segundo Freud, na história primitiva de cada indivíduo, aquilo que hoje é “repulsa” já foi objeto de bem-estar e desejo. O “estranhamento" seria o sinal da repulsa, resquício de um desejo que foi reprimido, em relação àquilo que o indivíduo traz em seu subconsciente como fonte de bem-estar mas do qual ele precisou recuar em prol de uma adequação social. Assim, o que é estranho tem como condição de sua estranheza uma familiaridade original: só se tem estranhamento em relação a algo quando se tem uma visão estabelecida de como aquilo "deveria ser". Tivesse o indivíduo se deparado com algo absolutamente desconhecido, e teria experimentado surpresa ou curiosidade.
Por sua vez, o termo afânise, do grego phanos, significa "luminoso". Phantasis (paroxítona, com sonoridade diferente e significado oposto ao do inglês phantasy), no contexto das observações e obra de Adriana Dos Santos, é empregado com o intuito de traduzir aquilo que existe e está presente, o aparecimento do ser. Dessarte, faz contraponto ao Aphanisis, definido na psicanálise de Lacan (1901- 1981) como o desaparecimento do sujeito. Aphanisis remete ao “apagamento” do brilho de estrela. É o brilho da estrela que informa que ela existe.
Serviço:
O quê: Exposição "Entre a Phantasis e Das Unheimliche", da artista Adriana Mdos Santos
Visitação: de 04 a 27/04/2023. De terça-feira a domingo, das 10h às 21h.
Onde: Sala Lindolf Bell II - Centro Integrado de Cultura (CIC)
Av. Gov. Irineu Bornhausen, 5600 - Agronômica, Florianópolis - SC.
Entrada gratuita