Berço de Arthur Bispo do Rosário (1909-1989) – interno durante mais de 50 anos na Colônia Juliano Moreira, no Rio de Janeiro (RJ), cuja obra vanguardista desperta amplo interesse internacional – e Nise da Silveira (1905-1999), psiquiatra pioneira na utilização da arte como recurso terapêutico, o Brasil detém o maior acervo mundial de obras produzidas por pacientes internados em hospitais psiquiátricos.
O assunto é tema central da tese "Do asilo ao museu: ciência e arte nas coleções da loucura", defendida em 2015 pelo museólogo Eurípedes Gomes da Cruz Jr., que acaba de ser reconhecida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) com a outorga de Menção Honrosa do Prêmio Capes de Tese 2016, na área de Ciências Sociais Aplicadas.
A tese é resultado de nove anos de pesquisa, entre mestrado e doutorado, do também compositor, arranjador e maestro, que é responsável pelo setor de esculturas do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), vinculado ao Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Antes disso, o autor trabalhou durante 30 anos no Museu de Imagens do Inconsciente, criado por iniciativa de Nise da Silveira, onde foi vice-diretor por 10 anos.
Pioneirismo - Realizado junto ao Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), o trabalho, considerado pioneiro nesta seara, destaca o papel da Museologia para integrar à História da Arte parcela significativa de criadores dela excluídos, em âmbito brasileiro, por conta de marginalização social causada por diversos motivos.
“Meu foco situa-se mais nas coleções que abrigam obras de pessoas rotuladas como loucas, mas também abre indagações sobre as questões éticas trazidas pela exposição desses trabalhos e seus autores que são estendidas a outras categorias de artistas que não pertencem aos círculos estabelecidos pelo campo tradicional da arte”, explica o pesquisador.
Com extensa revisão bibliográfica – fruto de oito meses de pesquisa em bibliotecas e museus no exterior – sobre o que foi produzido acerca do assunto nos campos da Ciência e da Arte, o trabalho, que também abarca a história das primeiras exposições com esta temática realizadas no Brasil, tenciona servir de referência na indicação de pistas e fontes para os pesquisadores do campo.
A entrega do prêmio acontecerá em cerimônia na sede da Capes, em Brasília (DF), no dia 14 de dezembro. Durante o evento, os outorgados com menção honrosa serão destacados. A tese de Eurípedes Gomes da Cruz Jr. pode ser baixada e lida, na integra, na página do Programa de Pós-Graduação em Museologia da UniRio/MAST.
“Museus para quê?” é o tema da conferência internacional que o British Council no Brasil realiza, nos dias 21 e 22 de novembro, no auditório do Museu do Amanhã (foto), no Rio de Janeiro (RJ).
O foco da conferência será o papel social dos museus e sua integração às causas mais contemporâneas e urgentes da sociedade: ativismo social, políticas públicas, engajamento de públicos, inovação, mídias e sustentabilidade são temas para palestrantes do Reino Unido, Brasil e Itália.
O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) será representado pela diretora de Difusão, Fomento e Economia dos Museus, Eneida Braga Rocha, no painel Políticas Públicas: o que elas podem fazer por todos? Confira a programação completa. O evento contará com tradução simultânea. As inscrições são gratuitas e já estão abertas.
Programa Transform de Museus
A conferência "Museus para quê?" celebra quatro anos (2012-2016) do Programa Transform de Museus - plataforma de diálogo sobre as melhores práticas, intercâmbio de conhecimento e parcerias entre instituições no setor museológico.
Mais de 200 instituições participaram de visitas de estudo temáticos no Reino Unido e no Brasil, assim como seminários, workshops, cursos de formação, pesquisas e parcerias entre museus. Conheça a plataforma do British Council e leia entrevista realizada pelo programa com o presidente do Ibram, Marcelo Araujo, com o tema "A arte transforma a vida".
Manuscritos, metal, craft, paina de embiruçu, seda, gesso, madeira, amor e papel. O resultado desses materiais: leveza, verticalidade e flutuação. Depois de passar pelas cidades de Blumenau, Criciúma, Chapecó, Itajaí e Jaraguá do Sul, a mostra Epifânicas, de Clara Fernandes, chega à capital Florianópolis, completando a circulação por Santa Catarina. A abertura da exposição, com performance e conversa com a artista, ocorre no dia 5 de novembro, às 11h, no Museu da Escola Catarinense, e segue até o dia 5 de dezembro.
São nove obras denominadas Plano, Livro, Manto, Derramados, Vestal, Enfrentados, Chalavar, Morfose e Madona. “A exposição pode ter diversas maneiras de fruição para as pessoas: a diversidade de materiais, a maneira inusitada de conceber as instalações e as inúmeras possibilidades de reflexão e entendimento das obras. O nome Epifânicas foi uma escolha da curadora Rosângela Cherem para um conjunto de obras inéditas que estavam sendo produzidas no atelier desde 2013. Nesta curadoria, ela soube captar a essência mais significativa dentro de uma variedade de obras em construção e enxergar a substância acima da matéria”, explica a artista Clara Fernandes.
O início da produção ocorreu em março de 2013, enquanto Clara estudava e observava o ambiente da Praça da Sé, em São Paulo. “Nessa ocasião, planejava levar uma performance que já havia realizado três vezes no estado de Santa Catarina, mas os elementos encontrados na pesquisa de campo tomaram espaço maior, criando uma nova proposição performática, envolvendo os elementos simbólicos e reais que circulam naquele espaço”, complementa Clara.
Para a curadora da mostra, Rosângela Cherem, as instalações podem instigar à reflexão. “Proveniente de um conjunto de leituras e reelaborações sobre textos bíblicos e de mitologia, a artista referencia metaforicamente a presença de deuses e santos, musas e anjos. Assim, nos leva a refletir que, para além das necessidades fisiológicas e de consumo, afetivas, emocionais e estéticas, uma parte que não é corpo e nem mente, e que podemos chamar de espírito, demanda uma dimensão que se lança para além de nós mesmos, associada ao enigma do instante e ao fascínio pela eternidade”, diz.
Uma das atrações da exposição será a instalação ‘sala do anjo’, com as obras Vestal e Enfrentados. “Ela é densa de sentidos e contém o âmago da mostra, com elementos criados para a performance. O “Livro” também é interessante, pois contém aproximadamente noventa croquis realizados para a performance entre 2013 e 2014”, afirma Clara. A mostra Epifânicas é um projeto premiado pelo Edital Elisabete Anderle 2014 e conta com apoio do Estado de Santa Catarina, Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte, Fundação Catarinense de Cultura e Funcultural. Acompanhe as notícias e as novidades pelo www.clarafernandes.com
Sobre a artista
Clara Fernandes nasceu em São Paulo, em 1955. Estudou na Faculdade de Psicologia da PUC/SP e na Escola de Comunicações e Artes da USP. Vive e trabalha em Florianópolis, Santa Catarina, desde 1983.
Participa, desde 1985, de mostras coletivas e individuais em diversos estados brasileiros e também no exterior. Principais exposições coletivas: VIII Salão Catarinense De Novos Artistas, no Museu de Arte de Santa Catarina, em Florianópolis/SC (1987); II Encontro Latino Americano Mini Têxteis, em Montevideo, no Uruguai (1991); A View Of Brazilian Textile Art no Museu de Roterdã, em Copenhagen, na Dinamarca (1995); Convergence 96 na Wenz Gallery, em Portland, no Oregon/USA, XV Artistas Brasileiros no Museu de Arte Moderna, em São Paulo/SP, A View Of Brazilian Textile Art, que foi exibida no Museu do Traje, na cidade de Lisboa em Portugal, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre/RS e no Museu de Arte de Santa Catarina, em Florianópolis/ SC (1996); Perspectiva Das Artes Plásticas Em Santa Catarina no Memorial da América Latina, Galeria Marta Traba, em São Paulo/SP (2003).
Entre suas exposições individuais destacam-se as principais: Terral, intervenção no Centro Integrado de Cultura, em Florianópolis/SC (1989); Iluminuras, no Museu de Arte de Santa Catarina, em Florianópolis/SC, e no Museu de Arte de Joinville, em Joinville/SC (1997); Vazante, no Museu de Arte de Santa Catarina, em Florianópolis/SC (2001); Cartas ao Mar, no Memorial Meyer Filho, em Florianópolis/SC (2010); Lume, na Fundação Cultural Badesc, no Museu Histórico de Santa Catarina, no Teatro Álvaro de Carvalho, no Teatro da UFSC e no Espaço 1 Udesc, todos espaços em Florianópolis/SC (2009); Amorphobia, no Museu Victor Meirelles em Florianópolis/SC (2012); Cartas ao Mar, no Museu de Arte de Santa Catarina em Florianópolis/SC (2013); Epifânicas na Fundação Cultural Badesc em Florianópolis/SC (2015). Entre os prêmios mais importantes que a artista recebeu destacam-se (2014) Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura, com o projeto Epifânicas.
SERVIÇO:
Abertura da exposição Epifânicas, performance e conversa com a artista Clara Fernandes
5 de novembro, às 11h
No Museu da Escola Catarinense (Rua Saldanha Marinho, 196, Centro, Florianópolis)
A Jornada da Associação Brasileira de Críticos de Arte - ABCA promovendo, juntamente com a Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), a Jornada da ABCA - 2016. O encontro será realizado em Florianópolis como um evento da vice-presidência da Regional Sul, articulando instituições dos Estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, mas aberto a participantes interessados de qualquer lugar do país. O evento se realizará no dia 3 de novembro de 2016, envolvendo críticos, artistas, gestores, estudantes e demais interessados, no Museu da Escola Catarinense.
Este evento difere de um evento de porte acadêmico, em que se sobressaem as comunicações. A tônica é privilegiar uma troca de ideias entre críticos de arte e gestores, evidenciando suas interfaces, buscando propiciar uma maior aproximação entre teoria e prática artística. No fundo, podemos pensar em também na crítica de arte, seus espaços, trânsitos e narrativas.
O tema central, da jornada versará sobre Gestores e Críticos: Interfaces. A meta é enfatizar as articulações do circuito de arte, entendendo o espaço de pensar a obra, colocá-la em interlocução, reconhecendo nela seu valor cultural e de mercado. Por certo, estes são temas atuais, de extrema complexidade e importância para a crítica de arte, que atua nesses processos e espaços.
A ABCA reúne profissionais que atuam na área da Crítica de Arte no Brasil. Promove e divulga a produção de seus associados, incentivando a pesquisa e a reflexão sobre artes visuais. Entre as ações que vem desenvolvendo para alcançar seus objetivos, promovem seminários regionais, nacionais e internacionais, através da participação em ações e realizações culturais de utilidade social e cultural que visam despertar e intensificar o interesse do público pela arte.
PROGRAMAÇÃO:
MANHÃ
8.00 horas – Abertura – Sandra Makowiecky - ABCA SC – Vice Presidente Regional Sul e Maria Amélia Bulhoes- Presidente da ABCA
8.30 – 9.30 – Palestra – Fernando Cocchiarale
Coordenação: Claudia Fazzolari - Vice Presidente ABCA